O fundador da sociedade francesa de implantes mamários PIP Jean-Claude, que está no centro de um escândalo mundial, denunciou esta quinta-feira, num comunicado, um “número impressionante de contra-verdades” relacionadas com este caso, avança a agência Lusa.
Alvo em França de dois processos “por fraude agravada” e “danos e homicídio involuntários”, Jean-Claude Mas, que já foi ouvido por duas ocasiões pelas autoridades mas sem ser indiciado formalmente, tem preferido manter o silêncio, afirmando que vai reservar as suas declarações para a justiça.
Empresa francesa enfrenta ainda mais de duas mil queixas.
No comunicado esta quinta-feira divulgado, o fundador da Poly Implant Prothese (PIP) nega novamente que esteja em fuga, explicando que tem mantido o silêncio “por respeito” e “por pudor” em relação aos pacientes envolvidos e ao processo judicial que está em curso.
“O número impressionante de contra-verdades, disparates, aberrações levou a que Jean-Claude Mas não comente” o assunto, acrescenta o comunicado, enviado à agência noticiosa francesa AFP pelo advogado do empresário, de 72 anos.
Fundador da empresa fabricante admite fraude
O fundador do fabricante francês de implantes mamários polémicos assumiu perante a polícia, sem aparente arrependimento, que produziu um gel de silicone não autorizado, embora alegando ser inofensivo, escreve a agência Lusa.
“Sempre soube”, afirmou em Outubro à polícia de Marselha, quando confrontado com o facto de produtos usados nas próteses, exportadas para vários países, incluindo Portugal, não estarem conformes com as normas.
Jean-Claude, admitiu que sabia que “o gel não tinha sido homologado”, mas que a “relação qualidade-preço era bem melhor”.
Segundo os autos, a que a agência AFP teve acesso, o fundador da empresa de implantes mamários PIP refere que, em 1993, dez anos depois da criação da companhia, dá ordem para “dissimular a verdade” ao organismo certificador alemão TUV.
Apesar de não ter sido comprovado o risco de cancro associado o uso de implantes PIP, as autoridades francesas notificaram 20 casos de cancro e duas mortes.Porém, reconheceram o perigo de rompimento das próteses e reacções infecciosas, pelo que alertaram para a necessidade da sua remoção.
Em Portugal, onde foi suspensa, em Março de 2010, a sua comercialização, existem 1.500 a 2.000 mulheres com próteses mamárias PIP, segundo a Direcção-geral da Saúde, que aconselhou as visadas a consultarem o seu cirurgião ou médico assistente, para efeitos de exames de vigilância.
Na quinta-feira, o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra anunciou que vai proceder a uma avaliação das pacientes que receberam implantes PIP e assumir os custos da sua remoção se isso for clinicamente indicado.Na Venezuela, as mulheres podem tirar as próteses gratuitamente nos hospitais.
A Comissão Europeia já manifestou a intenção de reforçar o controle dos implantes mamários e outros produtos médicos, respondendo a uma exigência do governo francês.Na França, o fundador da empresa PIP enfrenta dois processos judiciais e mais de duas mil queixas. No Reino Unido, mais de 200 mulheres apresentaram queixa contra as clínicas onde fizeram a cirurgia.
Fonte: RCMPHARMA